Entre Maltes e Lúpulos: Desbravando a épica história da cerveja, uma paixão nacional

Entre Maltes e Lúpulos: Desbravando a épica história da cerveja, uma paixão nacional

Ela está nos churrascos de fim de semana, é presença marcante para assistir ao futebol, e é essencial em uma roda de boteco ou no bate-papo com os amigos. Seja independentemente do ambiente, como um sambinha ou um rock metaleiro. A cerveja é uma paixão nacional. Ao mesmo tempo que ela tem um sabor inigualável, é também fonte de renda, oportunidades de emprego, fomento ao turismo e de inovação, com o primeiro Polo Cervejeiro público do país. Mas você sabe onde ela surgiu e como ela chegou ao Brasil?

Os primeiros registros de um produto parecido com a cervejam datam de 10.000 anos atrás, na Mesopotâmia, onde hoje se localizam o Iraque e o Irã. Mas engana-se quem imagina que a bebida mais comercializada do país foi inventada para beber, a verdade é que seus ingredientes ajudavam padeiros a produzirem bolos e pães, por isso, o primeiro nome dado a ela foi “pão líquido”. O primeiro registro que se tem da bebida é uma escultura do ano 4000 a.C, chamada de Monumento a Blau, mostra a cerveja sendo oferecida à deusa Nin-Harra, na região sul da Mesopotâmia.

A origem da bebida alcoólica que é fonte de socialização da sociedade atual é um mito. Nos anos 2100 a.C. na região da Suméria (que corresponde ao Irã, Iraque e Kwait), em uma noite chuvosa, o material como leveduras e grãos de cereais estava exposto e por conta desse contato e as ações químicas, acabou fermentando, tornando-se em uma bebida diferente.

Morna, azeda, leitosa, escura e forte, essas eram as características dessa primeira bebida. O sucesso foi imediato e conquistou a sociedade egípcia, que tornaram a bebida em uma tradição local e, ainda mais, a cerveja foi utilizada para uso medicinal e virou uma moeda de comercialização. O protagonismo feminino também foi marcante, as mulheres egípcias foram as primeiras mestras produtoras de cerveja do antigo Egito. Sua importância no império foi tamanha, que foram criadas regras para seu uso no Código de Hamurábi, conjunto de leis daquele período.

E foi assim que ela chegou ao Império Romano e se espalhou pela Europa por volta dos séculos VII e IX. A bebida foi chamada de ‘cerevesia’ ou ‘cervesia’ em homenagem à deusa Ceres, da agricultura e fertilidade. E, junto às fábricas caseiras de pães, a produção do lar de cerveja tornou-se comum.

Na Bavária (região da Alemanha), o mosteiro Benedito Weihenstephan foi o primeiro local onde os moldes de uma cervejaria foi implantado. E com isso surge a profissão do artesão cervejeiro, sobretudo, nos mosteiros, em que os monges foram aperfeiçoando a técnica e chegaram à famosa combinação: lúpulo + malte + água. Com a fórmula acertada, surgem pequenas fábricas pela Europa, sempre sendo instaladas em regiões abundantes de água.

China

Com elementos como arroz e mel, a cerveja também marcou presença no outro lado do mundo. Existem registros de que a bebida mais famosa do mundo estaria no gosto popular chinês 7.000 anos atrás. A bebida tinha um nome próprio, Lao Li, e eram utilizadas em eventos como funerais e rituais de celebração.

Vikings

Eles são conhecidos por beberem bastante cerveja. A data mais antiga que se tem registro da bebida na região é no século VII. O povo nórdico chamavam a bebida de mágica e a bebiam para saudar os deuses, além de ser uma fonte de energia para os guerreiros. De lá, surgiu a famosa saudação ‘skål’ realizada na hora do brinde, que significa saúde.

E eis que a cerveja atravessa o Atlântico

Extraoficialmente, a invasão holandesa, durante a década de 1640, trouxe também a primeira taverna para o Brasil, e ficou conhecido como La Fontaine. A cerveja era encorpada e tinha como ingredientes a cevada e o açúcar. Já, oficialmente, a introdução das cervejarias em território nacional vieram com a chegada da família real portuguesa, que facilitou a entrada de produtos ingleses com a Lei de Abertura dos Portos.

Na década de 1830, inicia-se a produção artesanal e a comercialização aparece em jornal no Rio de Janeiro, com local definido. Já em 1846, usando lúpulo alemão e austríaco, surge a cervejaria de Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul. Nesse período, as cervejas brasileiras tinham rolhas e eram amarradas com fitas, uma vez que a tampa habitual não existia, por conta disso, era conhecida como ‘cerveja barbante’.

E não deu outra: a cerveja virou paixão nacional. Cervejarias foram abertas de norte a sul do país e o Brasil se tornou no terceiro maior consumidor mundial do líquido. O amor é tanto que os estudos com o lúpulo avançaram. Em Viana, por exemplo, a planta que dá origem à cerveja, tem tido muito sucesso.

Lúpulo de Viana e pioneiro Polo Cervejeiro público do país

O sucesso da iniciativa se torna evidente na terceira colheita da planta no Viveiro Municipal em um ano. A variedade Comet, que contém um teor relativamente alto de ácidos alfa e fornece um aroma “selvagem americano”. O estudo quebrou o paradigma de que o lúpulo só conseguia produzir uma única florada por ano, o que acontece em países produtores como a Alemanha.

As pesquisas tiveram como intuito, a implantação do primeiro Polo Cervejeiro público do país. Com o avanço e o resultados exitosos, o lúpulo foi doado a fazendeiros que se dispuseram a implementar a cultura de plantio do lúpulo em seus terrenos.

Em prol deste objetivo, o município criou a zona especial de agroturismo, uma região que compreende Viana Sede, a localidade de Jacarandá, e segue até Araçatiba, uma região que atualmente vive de agropecuária e terá a possibilidade de receber um desenvolvimento voltado para o turismo. Por meio dos investimentos, será possível ter acesso a um turismo de experiência diferenciado, com eventos de colheita do lúpulo e malte, visita à produção desde o processo industrial até o produto final, além de grandes festivais de cerveja.

O objetivo é tornar Viana a capital da cerveja e do lúpulo, fomentar um turismo de experiência único, gerar mais de 2 mil empregos diretos e indiretos, além de renda na cadeia produtiva da cerveja. O município dará ainda vários incentivos para empreendimentos como pousadas, cervejarias e lojas para atender aos turistas e visitantes.

E o projeto do Polo Cervejeiro não para de crescer. Vem aí, o evento de incentivo à produção de cervejas artesanais, a EXPOCERVI.

EXPOCERVI

Viana será palco de uma celebração dedicada ao mundo das cervejarias artesanais com a realização da 1ª edição da EXPOCERVI, Exposição do Polo Cervejeiro de Viana, evento que é a primeira exposição de um Polo Público de Cervejarias Artesanais do Brasil.

Entre os dias 27 e 29 de outubro, (sexta a domingo) o Parque de Exposições de Viana Sede recebe o evento que reunirá um total de 16 cervejarias artesanais da Região Metropolitana, das quais cinco têm orgulho de chamar Viana de lar. Essas Cervejarias fazem parte do Circuito de Cervejarias Artesanais da Região Metropolitana e os visitantes terão a oportunidade de explorar uma variedade de sabores e estilos de cerveja, enquanto desfrutam da atmosfera única da cidade, além de poderem conhecer o lúpulo vianense e o processo de fabricação da cerveja.

Reprodução : Prefeitura de Viana