Escola Francisco Lacerda de Aguiar festeja seus 39 anos
Aulas expositivas e dialogadas sobre o bairro. Apresentação e criação de poesias. Confecção de maquetes dos espaços escolares da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Francisco Lacerda de Aguiar, exposição de fotografias dos 39 anos da unidade de ensino, convite aos pais para visitação. Palestra e contação da história sobre a construção da Emef “Grito do Povo”. Discussão do documentário “Lugar de toda pobreza”, apresentação da banda de congo mirim da Ilha das Caieiras.
A programação para celebrar os 39 anos da Emef Francisco Lacerda de Aguiar foi repleta de atividades e muita emoção também, envolvendo os 703 estudantes por lá matriculados no Ensino Fundamental e na Educação de Jovens e Adultos (EJA).
“Minha terceira geração está aqui! Estudei aqui desde os primeiros anos da Emef Grito do povo. Hoje vendo as fotos é só chororô!” Disse a ex-estudante Katia Simone, saudosa, vendo as fotos espalhadas na escola.
“Os estudantes percebem a importância de resgatar a história local, muitos ficam surpresos ao ver fotos de anos atrás e não reconhecer como o lugar em que vivem, pois atualmente o espaço mudou muito”, destacou a diretora da unidade de ensino, Adriana de Jesus.
O objetivo de toda a programação é desenvolver o sentimento de pertencimento nos estudantes.
“Deu pra sentir o carinho e compromisso em cada trabalho, a carinha empolgada das crianças felizes e orgulhosas com suas produções, reconhecendo as famílias nas fotos. Foi super bacana!”, resumiu a pedagoga Michele Vieira Rocha.
Poesia escrita por Maria Victória Lima dos Santos, estudante do 5º ano A:
Construíram uma escola,
Francisco Lacerda de Aguiar,
que assim, fez o coração
das pessoas se alegrar.
Mães sendo professoras,
e filhos sendo estudantes;
sem tristeza e rancor,
felicidade é o que amamos.
Em 1983, um ex-governador
havia falecido.
Colocaram o nome dele
pra ele não ser esquecido.
História
De acordo com a escritora Graça Andreatta, no livro “Na Lama Prometida, a Redenção”, em 1983 a comunidade de São Pedro gritou pelo direito de ter uma unidade de ensino na região.
“A saída encontrada pela comunidade, então, foi construir com suas próprias mãos aquilo com que há anos sonhava: uma escola. Não uma escola nos moldes que nós leigos conhecemos, com o conhecimento que já vem formatado por Brasília, ideologizado por europeus e americanos. Não uma escola em que serventes e porteiros devem se colocar “em seu devido lugar”, alunos são tratados como “criancinhas irresponsáveis” e professores são submetidos aos caprichos da diretoria. A escola seria única e, quem sabe, não fosse a primeira de muitas”, narra um trecho do livro.
Uma Comissão de Educação foi formada e começou a estudar como seria a proposta pedagógica do colégio. Buscava-se nas obras de Paulo Freire teorias que poderiam se tornar práticas. Em constantes reuniões as teorias eram levadas pela Comissão à comunidade, enquanto essa explicava como queria a escola.
Foi assim que, segundo Andreatta, dois cômodos da singela sede do Movimento Comunitário haviam se tornado salas de aula. Moradores tinham construído bancos, quadros e todas as coisas minimamente necessárias para as aulas. Mães com alguma experiência em educação se tornaram professoras, e estudantes já estavam matriculados na “Escola Grito do Povo”, nome definido pelos próprios moradores.
O resultado do esforço da comunidade foi que em março de 1983, os estudantes foram transferidos para uma creche municipal de São Pedro, onde passaram a estudar provisoriamente. Em outubro, quando o novo prédio finalmente ficou pronto, o nome Grito do Povo foi substituído por Francisco Lacerda de Aguiar, ex-governador capixaba.
Reprodução : Prefeitura de Vitória
Jornalista, Gestor Público e especialista em planejamento e gestão estratégica e atua como empresário na área de comunicação e marketing político. Cadastre-se gratuitamente e receba notícias diretamente no seu celular. Clique Aqui