Missão profissional: Professora ensina a importância da consciência negra por meio da literatura

Missão profissional: Professora ensina a importância da consciência negra por meio da literatura

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar”. Com essa frase do saudoso Nelson Mandela, a Prefeitura de Viana, em parceria com a Secretaria de Educação (SEMED) celebra o dia da Consciência Negra.

Neste domingo, 20 de novembro, é relembrada a conquista de Zumbi dos Palmares, que motivou membros do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial e, dessa forma, foi criado o dia Nacional da Consciência Negra.

Os alunos da CMEI Calypio Siqueira, de Marcílio de Noronha, aprendem sobre a cultura negra por meio da literatura, com livros didáticos e ilustrativos enchem os pequenos de esperança e representatividade.

Representatividade para crianças

A professora de Educação Especial, Edilene Machado, trabalha com os alunos que eles são crianças, humanos e pessoas além de deficiência, etnia e classe social. Os ensinamentos são passados com auxílio de animação, filmes, teatro, conversas e outras metodologias lúdicas.

“As crianças amam quando elas veem o cabelo colorido, cabelo black, o personagem com a cor preta. Elas dizem ‘olha, tia essa menina do livro se parece comigo’. Sem dúvidas é uma representatividade enorme para as crianças. Por intermédio do livro, elas acreditam que podem sem príncipes, médicos, independente de qualquer coisa”, contou a professora.

O objetivo da escola é mostrar para os alunos como é bonito ser uma criança negra. É ensinada a importância de se identificar como uma pessoa negra, ter orgulho e amor próprio.

“Quem me acha assim tão diferente
Quem me acha assim tão diferente
É porque não lê e não vê meu coração”

– Erasmo Carlos.

Elementos culturais

A cultura negra tem um vasto acervo cultural, como o tambor que é base para os ritmos, muitos gêneros musicais e de dança se consolidaram no país, além da Capoeira, o Samba, entre outros. A CMEI não se esquece desses elementos na hora de ensinar os alunos sobre sua ancestralidade.

“No dia da família trouxemos uma banda de Congo de Piapitangui para realizar uma apresentação na escola, foi sensacional, uma festa linda. Temos um projeto pedagógico de falar de Viana, sobre a cultura vianense com os alunos e tivemos a oportunidade de trazer o Congo regional para pais e alunos”, comentou a professora.

Nesta ocasião, as crianças criam seus próprios objetivos referentes à cultura do Congo. Com a ajuda e orientação dos professores, eles produziram matérias de músicas com características marcantes da cultura negra e indígena.

Literatura

Dentre vários livros, poemas, figuras e filmes que são passados para as crianças interagirem com a cultura, a professora Edilene recitou um dos poemas preferidos da criançada, escrito por Conceição Evaristo, tem o nome de “Vozes-Mulheres”.

A voz de minha bisavó
ecoou criança
nos porões do navio.
Ecoou lamentos
de uma infância perdida.

A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.

A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
no fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela (…)

Com as crianças pequenas sempre temos certo cuidado. Para eles, trazemos elementos mais fáceis para conseguirem entender. Esses elementos são fundamentais para o nosso trabalho.

“Para mim é maravilhoso poder ensinar para as crianças uma educação antirracista. O contato com a literatura é de suma importância para o crescimento dos alunos como pessoas, como futuros profissionais e pais ou mães. Enquanto escola, temos o dever de transmitir tais conhecimentos. Ao longo da minha vida sempre lutei por todas as causas, e agora como professora, virou uma missão, é minha missão profissional”, destacou Edilene Machado.

“Ser preto é uma dádiva. Pela história, pelo que é”

– Preta Gil

 

Reprodução : Prefeitura de Viana