Pesquisadora Lusitana Paula Guerra faz terceira palestra na UFES.
A Professora Doutora Paula Guerra, finaliza seu ciclo de palestras na Universidade Federal do Espírito Santo nessa quinta feira, 06/02 trazendo o tema: Sons, Ativismos, Protestos e Paisagens Sonoras Contemporâneas.
A Pesquisadora da Universidade do Porto realizou duas palestras na UFES (04 e 05/02) , em função de uma parceria firmada entre a Universidade Portuguesa e a UFES.
Nos dias anteriores a Professora conversou com a Comunidade Acadêmica, sobre temas que transitam entre Arte, Ativismo e Sul Global.
Paula Guerra
Doutora em Sociologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP). É Professora no Departamento de Sociologia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigadora Integrada no Instituto de Sociologia da mesma universidade (IS-UP), onde atualmente coordena o subgrupo Criação artística, práticas e políticas culturais. Faz parte ainda de outros centros de investigação internacionais: Investigadora Associada do Centro de Estudos de Geografia e do Ordenamento do Território (CEGOT); Adjunct Associate Professor do Griffith Centre for Social and Cultural Research (GCSCR); Investigadora Convidada Internacional no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal Fluminense (PPGS-UFF), no Grupo de Pesquisa História, Cultura e Subjetividade da Universidade Federal do Piauí e Universidade de Brasília (Brasil); no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (PPGCOM-UFPE) e no Laboratório de Análise de Música e Audiovisual da Universidade Federal de Pernambuco (L.A.M.A.).
É fundadora e coordenadora da Rede Todas as Artes. Rede Luso-Afro-Brasileira de Sociologia da Cultura e das Artes (com Glória Diógenes e Lígia Dabul). Pertence ainda à Interdisciplinary Network for the Study of Subcultures, Popular Music and Social Change e à Research Network Sociology of the Arts of the European Sociological Association. Tem sido professora/investigadora visitante em várias universidades internacionais: Université Cadi Ayyad Marrakech UCA (Marrocos), Université Sidi Mohammed Ben Abdellah, Fez USMBA (Marrocos), Hué University HUEUNI (Vietname), Universidade Nacional de Timor Lorosae UNTL (Timor), Griffith University (Austrália), Università di Padova (Itália), Uniwersytet Im. Adama Mickiewicza W Poznaniu UAM (Polónia), Katholieke Universiteit KU Leuven (Bélgica), Concordia University of Edmonton CUE (Canadá) e Universitat Autònoma de Barcelona – UAB Barcelona (Espanha).
Coordena e participa em vários projetos de investigação nacionais e internacionais no âmbito das culturas juvenis e da sociologia da arte e da cultura. É, igualmente, supervisora de diversos projetos de mestrado, doutoramento e pós-doutoramento nas referidas áreas temáticas. É membro do conselho editorial de diversas revistas científicas nacionais e internacionais, assim como revisora científica de vários artigos e livros.
Os seus atuais interesses de investigação incluem os seguintes tópicos: popular music, culturas e carreiras DIY, subculturas e pós-subculturas, teoria social crítica, teorias sociológicas, metodologias qualitativas de investigação, música e cenas musicais underground, autenticidade, aura e carisma nas artes, campos culturais, art worlds, cinema, performance.
É coordenadora e fundadora da KISMIF Conference e coordenadora da Secção Temática Arte, Cultura e Comunicação da Associação Portuguesa de Sociologia. É autora (em conjunto com Andy Bennett) do edited book DIY Cultures and underground music scenes (Oxford: Routledge, 2018). Publicou recentemente os livros God Save the Queens. Pioneras del Punk (Barcelona: 66 RPM Edicions, 2019), Subcultura.
O significado do estilo (Lisboa: Maldoror, 2018), The Punk Reader. Research transmissions from the local and the global (Porto: Universidade do Porto. Faculdade de Letras, 2017), Redifining art worlds in the late modernity (Universidade do Porto, 2016), More than loud (Porto: Afrontamento, 2015), On the road to the American underground (Universidade do Porto, 2015), As Palavras do Punk (Lisboa: Alêtheia, 2015), More Than Loud (Porto: Afrontamento, 2013). A instável leveza do rock (Porto: Afrontamento, 2013). E é autora de inúmeros artigos publicados em revistas nacionais e internacionais de referência: Journal of Sociology, Popular Music and Society, European Journal of Cultural Studies, Critical Arts, Portuguese Journal of Social Sciences, Sociologia, Problemas e Práticas, Revista Crítica de Ciências Sociais.
UFES e Universidade do Porto
A presença da Pesquisadora em solo capixaba, é o início de uma parceria firmada entre as duas instituições. É um acordo específico de cooperação acadêmica e científica entre o Programa de Pós-Graduação em Artes e Cultura da Universidade Federal do Espírito Santo (Brasil) e a Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Portugal), que abraça:
I.1. Mobilidade de estudantes de graduação e de estudantes de pós-graduação, por meio da qual podem frequentar cursos e participar de atividades de pesquisa na instituição anfitriã;
I.2. Mobilidade de professores e pesquisadores, por meio da qual *podem ministrar palestras, oficinas, minicursos e disciplinas* e conduzir ou participar de atividades de pesquisa na instituição anfitriã;
I.3. Credenciamento como professor colaborador nos programas de pós-graduação
envolvidos – designadamente o Programa de Pós-Graduação em Artes e Cultura da
Universidade Federal do Espírito Santo (PPG-A/UFES);
I.4. Cotutela (orientação conjunta) de tese de doutorado, exercida por orientadores
vinculados a cada uma das instituições;
I.5. Desenvolvimento conjunto de projetos de pesquisa;
I.6. Produção conjunta de publicações acadêmicas e científicas;
I.7. Participação e fortalecimento da Rede Lusófona Todas as Artes I Todos os Nomes e da Rede Internacional KISMIF;
I.8. Organização de eventos acadêmicos, científicos e culturais, como simpósios, congressos, seminários, entre outros.
II.1. Para coordenar a implementação deste acordo específico, a UFES indica o Professor Doutor APARECIDO JOSÉ CIRILO ([email protected]), do seu Programa de Pós-Graduação em Artes e Cultura da Universidade Federal do Espírito Santo (PPG-A/UFES) e a UPORTO indica a Professora Doutora PAULA MARIA GUERRA TAVARES ([email protected]) do Departamento de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (DS/FLUP) e do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto (IS/UP).
O Professor José Cirillo, da UFES, responsável pelo acordo de cooperação,reforça a relevância desse tipo de iniciativa e celebra o evento: É com imenso prazer que recebemos a Professora Paula Guerra em nossa Universidade trazendo com ela toda a sua contribuição para nossos alunos e a instituição como um todo. Esperamos que essa seja uma parceria longeva e extremamente exitosa.
Paula Guerra/Foto
1- No último dia de suas palestras,o tema será: Sons,Artivismos, Protestos e Paisagens Sonoras Contemporâneas. Por favor fale a respeito.
Ultimo momento, é um momento relevante, assim como os outros. Esse momento trabalha diretamente com a questão dos sons e das paisagens sonoras e permite, mais uma vez, fazer aquilo que eu faço nos meus diferentes objetos de estudo, que é defender que a Sociologia da Criação Artística se pauta por dar atenção à ação, relacioná-la aos dos planos significativos, atenção aos cursos de oração, atenção aos contextos de ação, atenção às comunidades priorizadas. A Sociologia da Criação Artística interessa-se nas obras artísticas como dimensões, em expressões de ação social, como práticas em si mesmas, na sua relação com os humanos e contextos sociais práticos, na sua relação com os contextos sociais, sócio-históricos, em que se desenvolvem.
E então, a Sociologia da Criação Artística, tal como eu encaro, tem de ainda fazer, ao longo desta última década, interpretar as obras, ter as possibilidades de encarar cada obra, seja atividade, produto, qualquer que seja a natureza. Mas evidência de forma, o suporte, o registro, a duração, a autoria, a explicação, ou a construção do sistema artístico com uma similaridade, o facto social e artístico valendo por si, com uma autoridade, mas também a encarar cada obra com um sistema aberto de sentidos, como se fosse um texto, construído por um autor, em razão com os textos e disponível para diferentes leituras.
Encarar cada obra com uma relação com o mundo social. Quais são as consequências de tudo isto? A obra artística pode ser uma canção, pode ser um disco, é um texto muito das determinações, a obra tem que ser compreendida por referência ao seu próprio direito de sentido, a obra tem que ser interpretada por mediação entre unidades de sentido, a obra tem que ser explicada ao treino por colocação em relação com outros fatos sociais. Então, a criação artística musical e sonora que vamos entender é um fato social, é um conhecimento social, é uma representação social, é uma interpretação social, é uma valorização do social e é uma imaginação social, que é assim que eu vejo estas possibilidades.
E por isso é que esta conferência está marcante, porque para mim o diálogo de disciplinas é o discurso, o diálogo de discurso é o diálogo de atores, foi isso que eu desenhei na minha tese de doutoramento e continuo a encarar até hoje. Está resistente para outros casos de montar variações, que é, enquanto paisagem sonora e expectativa de turismo tivemos a ver, porque acho que é o exemplo máximo das variações identitárias da cultura portuguesa contemporânea e da sua transmutação. E será o caso que aqui vamos dar relevo.
2-A partir da cooperação entre Universidade do Porto e UFES,você estará presente nos Programas de Mestrado e Doutorado em Artes da UFES já a partir desse ano. Quais as suas expectativas?
Minhas expectativas para estar no programa de pós-graduação são imensas, as melhores, através do acompanhamento dos estudantes do doutoramento e de mestrado e podermos discutir numa perspectiva alargada todas estas questões que já temos vindo a discutir. Portanto, neste momento, as minhas expectativas são as melhores e as maiores e tenho a certeza, pelo que eu já percebi, dos participantes do programa, que elas não vão ser defraudadas.
3- Apesar da História desses Países estar tão entrelaçada,ainda sentimos falta de uma maior interação entre Brasil e Portugal, inclusive no campo das Artes, isso está melhorando?
Das formas de melhorar, enfim, a relação em termos dos países, que é uma relação muitas vezes sobre dominação, de desprivilégio, como toda a relação de dominação, só se consegue efetivar se ela for assim vivida, e isso é crucial, o olhar ao campo artístico brasileiro, às suas segmentações, à sua análise, à sua possibilidade de ampliar horizontes.
4- Recentemente conversamos com Artistas capixabas sobre a relação da Arte com a imprensa,muitas vezes, tensionada. Imprensa e Arte dialogam?
Claro que há relações entre a arte e a mídia, a imprensa. Mas, cabe-nos a nós também denunciar a construção que é feita de Fakenews, etc., por parte das mídias, dos interesses económicos que estão por trás nas grandes cidades e no mundo. Basta ver o que está a acontecer com os grandes populismos que estão a abraçar o povo de todo o mundo. Cabe-nos a nós, como dizia Pierre Bourdieu, ir para além disso e mostrar sem medo como é que também é feita, muitas vezes, a construção midiática dos maus sociais e isso é uma responsabilidade das humanidades e das ciências sociais a todo o passo. Isto eu chamo, ou chama-se artivismo.
5- O que vc espera trazer com sua linha de pesquisa para o PPGA/UFES?
Eu apresentei o projeto de investigação, de pesquisa, precisamente centrado nessa ideia de dar voz ao subalterno, de dar voz ao invisível, de dar corpo ao invisível. Questões como defendem Guattari e Deleuze, e outros autores, também Michael Foucault, foi esse projeto que eu trouxe, pegando na questão do fandom, mas também acentuando a questão, por exemplo, de um conceito central que é dos pós humanos, isto é, cada vez mais é importante as pessoas não serem só, não são só consumidores, mas são fazedoras de uma realidade, de um contexto de artefatos, de objetos fundamentais. E isso é o meu pequeno contributo para esta visualização das margens, das bordas.
6- As ditas minorias estão sub representadas tanto nas Artes quanto na Academia?
Claro que isto,tanto na academia quanto na sociedade, as minorias estão sub-representadas, não é? Ou pelo menos invisibilizadas e um dos objetivos nossos é esse, é trazer luz a tudo isso. Essa é a minha primeira vez na Universidade Federal do Espírito Santo, não quer dizer que eu já não tenha contato com as pessoas aqui da universidade e do programa de pós-graduação. O convite foi me endereçado pelo professor Cirilo. Estou aqui com muito alegria, muito gosto. Aliás, é incrível porque na verdade já estou há uma semana no Brasil, mas sinto um vigor novo quando estou aqui, quando estou aqui em Vitória, não é? E queria realmente, novamente, chamar a atenção de todos e todas para a participação nesses eventos de diálogo, cruzado, interdisciplinar, open mind, para problematizarmos todas estas manifestações artísticas contemporâneas.
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