Como estimular a socialização de crianças com autismo?

Como estimular a socialização de crianças com autismo?

Por Angélica

A socialização é uma das áreas que mais exigem atenção no desenvolvimento de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Em muitos casos, elas apresentam dificuldades em interagir, brincar ou se comunicar com outras pessoas — e isso não é por falta de vontade, mas sim por não saberem como fazer.

Enquanto algumas preferem se isolar, outras demonstram desejo de se aproximar, mas esbarram em barreiras sociais e comportamentais. E aí entra um ponto essencial: o papel da família, da escola e dos profissionais especializados.

Por que a interação social é mais difícil?

O desenvolvimento de habilidades sociais em crianças com TEA costuma ser mais complexo e demanda estratégias específicas. Entre os desafios mais comuns estão:

  • Dificuldade em manter contato visual;

  • Pouco ou nenhum retorno ao serem chamadas pelo nome;

  • Interpretação limitada de expressões faciais ou linguagem corporal;

  • Preferência por atividades solitárias;

  • Dificuldade em dividir brinquedos ou fazer amigos;

  • Reações emocionais incomuns diante de determinadas situações.

Essas características não significam ausência de sentimentos, mas sim uma forma diferente de perceber e responder ao mundo. Por isso, o acolhimento e o estímulo são fundamentais.

O que pode ser feito na prática?

Com apoio especializado e ações simples no dia a dia, é possível ajudar a criança a desenvolver habilidades sociais. Veja algumas estratégias eficazes:

1. Uso de imagens e fotografias
Ensinar expressões faciais e emoções por meio de imagens facilita a identificação de sentimentos como alegria, tristeza ou raiva.

2. Participação em atividades em grupo
Brincadeiras com outras crianças — com ou sem TEA — ajudam a praticar regras sociais básicas, como esperar a vez ou dividir um brinquedo.

3. Recurso à tecnologia
Vídeos e jogos educativos podem ensinar, de forma lúdica, como interpretar expressões e se comportar em situações sociais.

4. Leitura de histórias infantis
Contos e fábulas são grandes aliados para ensinar sentimentos e comportamentos. Após a leitura, conversar sobre os personagens ajuda na assimilação.

5. Encenação de situações cotidianas
Simular, por exemplo, uma ida ao mercado ou à escola, pode preparar a criança para o que encontrará nesses ambientes.

6. Modelagem em vídeo
Assistir a vídeos curtos com exemplos de comportamentos desejados facilita a compreensão e a repetição.

7. Treinamento de habilidades sociais
Acompanhamento com terapeutas pode envolver intervenções comportamentais que ensinam passo a passo como agir em diferentes contextos.

8. Apoio no ambiente escolar
A escola é um espaço importante para desenvolver convivência, trabalho em equipe e respeito às diferenças. Professores e colegas devem estar preparados para esse acolhimento.

“Como fonoaudióloga, vejo diariamente o quanto a comunicação vai além da fala. Socializar é uma habilidade que pode — e deve — ser desenvolvida com respeito ao tempo e às particularidades de cada criança. Quando oferecemos os estímulos certos, abrimos portas para conexões que transformam vidas.”

O papel de todos nós

Socializar não é algo que nasce pronto. Para muitas crianças com TEA, esse é um processo que precisa ser ensinado, construído com empatia, paciência e muito carinho.

O apoio da família, dos educadores e dos profissionais especializados faz toda a diferença. Com amor e as estratégias corretas, é possível abrir caminhos para que essas crianças se sintam mais seguras, incluídas e felizes em meio à sociedade.