Endividamento das famílias capixabas se mantém estável e inadimplência cai pelo terceiro mês consecutivo

Endividamento das famílias capixabas se mantém estável e inadimplência cai pelo terceiro mês consecutivo

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), divulgada pelo Connect Fecomércio mostra que o percentual de famílias endividadas no Espírito Santo caiu para 90,2% em setembro, uma redução de 0,5 % em comparação com agosto. Além disso, a inadimplência registrou uma queda significativa no mesmo mês, atingindo 34,4%, o terceiro mês consecutivo de redução.

 

“A redução no endividamento reflete o momento favorável do mercado de trabalho e melhora a expectativa do comerciante capixaba para as vendas do final do ano”, destacou a coordenadora de pesquisa do Connect, Ana Carolina Júlio.

 

A pesquisa revela um comportamento atípico em relação aos anos anteriores, quando a inadimplência costumava subir no terceiro trimestre. Este ano, no entanto, os números mostram uma retração, passando de 40% em setembro de 2023 para 34% no mesmo período de 2024. Esse dado sugere que as famílias estão conseguindo equilibrar melhor suas finanças e quitar suas dívidas, refletindo diretamente no aumento da capacidade de consumo para o último trimestre, período importante para o comércio varejista.

 

Perfil das famílias endividadas

Apesar da redução no endividamento geral, o levantamento aponta que a maior parte das dívidas das famílias capixabas ainda está especificamente no cartão de crédito, com 89,6% das famílias afirmando que possuem algum tipo de dívida nessa modalidade.

Outro destaque foi o aumento do uso de crédito pessoal e carnês, que registraram crescimento de 1,4% e 0,7%, respectivamente, de agosto para setembro. Esses dados indicam que, embora as famílias estivessem buscando formas de financiamento, elas continuam usando modalidades com juros mais elevados, o que pode impactar a inadimplência no futuro.

Entre as famílias de menor renda (até 10 salários mínimos), o percentual de endividados caiu de 92,1% em agosto para 91,3% em setembro. Já entre as famílias com maior renda (acima de 10 salários mínimos), houve um aumento de 1%, subindo de 81,7% para 82,7%. Esse crescimento no endividamento das famílias de maior renda pode estar relacionado ao aumento do consumo e à busca por financiamentos para aquisição de bens de maior valor.

 

Expectativas para o comércio capixaba

A queda na inadimplência e a estabilidade no nível de endividamento geram otimismo entre os comerciantes capixabas, principalmente com a proximidade de datas importantes para o setor, como Dia das Crianças, Black Friday e Natal. O relatório aponta que a melhoria na capacidade de pagamento das famílias poderá contribuir para o consumo nesse período, fortalecendo o desempenho do comércio no Espírito Santo.

No entanto, a pesquisa também faz um alerta para o crescimento do número de famílias que comprometem mais de 50% da sua renda com o pagamento de dívidas, o que pode indicar riscos à capacidade de consumo a longo prazo.

 

Fatores de alerta

Embora os dados gerais sejam positivos, o relatório da PEIC também destaca alguns pontos de atenção. O percentual de famílias que afirmam não ter condições de pagar suas dívidas em atraso aumentou em setembro, chegando a 56,7%, um crescimento de 1,6% em relação a agosto. Esse aumento foi mais expressivo entre as famílias de maior renda, cujo percentual subiu de 33,3% para 35,7%. Entre as famílias de menor renda, o índice passou de 58,4% em agosto para 59,9% em setembro.

Além disso, o uso do cheque especial, uma das modalidades de crédito com maiores taxas de juros, também registrou aumento. Entre as famílias de maior renda, o percentual de uso do cheque especial subiu 1,2%, passando de 3,0% em agosto para 4,2% em setembro. Esse tipo de crédito, apesar de ser de fácil acesso, pode levar ao aumento da inadimplência em médio e longo prazo, devido aos custos elevados.

A pesquisa reforça o cenário de melhoria gradual na saúde financeira das famílias capixabas, com uma queda consecutiva na inadimplência, o que tende a beneficiar o comércio local. Contudo, o aumento do comprometimento da renda com dívidas e o uso crescente de modalidades de crédito com juros elevados, exigiram atenção dos consumidores e dos comerciantes, especialmente no planejamento para os próximos dados de grande negociação no varejo.