Sensibilidades sensoriais: como reconhecer e ajudar crianças com TEA

Sensibilidades sensoriais: como reconhecer e ajudar crianças com TEA

Por Angélica Von – Fonoaudióloga

Você já reparou que algumas crianças se incomodam demais com barulhos, luzes ou certos tecidos? Ou então que algumas parecem não perceber dores, buscam contato constante com objetos e gostam de sabores muito fortes? Esses comportamentos podem estar relacionados a sensibilidades sensoriais, especialmente comuns em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Nosso corpo recebe informações do ambiente através dos sentidos: visão, tato, audição, olfato, paladar, percepção corporal, equilíbrio e dor. Em crianças com TEA, o processamento sensorial pode ser diferente — mais intenso, menos intenso ou até misto, dependendo do estímulo.

🔹 Hipersensibilidade e Hipossensibilidade

Há dois perfis principais: a hipersensibilidade, quando a criança reage de forma intensa aos estímulos (como se tudo fosse “demais”), e a hipossensibilidade, quando ela sente pouco e busca estímulos com mais intensidade. Também é comum que uma mesma criança seja hiper para certos sentidos e hipo para outros — ou que isso varie conforme o dia.

Veja alguns exemplos:

Sentido Hipersensível Hipossensível
Visão Incomoda-se com luz forte Atrai-se por luzes e cores vibrantes
Tato Evita toques e etiquetas Gosta de se esfregar em superfícies
Paladar Come só certos alimentos Prefere sabores fortes como cebola ou pimenta
Olfato Rejeita perfumes e desinfetantes Cheira objetos e ambientes
Audição Tapa os ouvidos com sons altos Fala alto, aumenta volume de eletrônicos
Equilíbrio Evita balanços e movimentos bruscos Busca girar, pular, correr
Dor Reage muito a pequenos machucados Às vezes não percebe ou não reage à dor

🔹 Como podemos ajudar?

Se a criança for hipersensível, priorize ambientes calmos, com luz suave e poucos ruídos. Respeite seus limites e a prepare com antecedência para ambientes novos. Itens como fones com cancelamento de ruído podem ser grandes aliados.

Se a criança for hipossensível, invista em brincadeiras ao ar livre, atividades físicas e estímulos variados: sabores, sons, texturas. Em alguns casos, falar com mais intensidade ajuda a manter a atenção e o engajamento.

🔹 Quando buscar apoio?

O acompanhamento com terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos e outros profissionais especializados é essencial para identificar os tipos de sensibilidade e desenvolver estratégias personalizadas. Cada criança tem seu ritmo — e entender como ela percebe o mundo é o primeiro passo para ajudá-la a viver com mais conforto, autonomia e bem-estar.